quinta-feira, 23 de julho de 2009

Psicocinesia e telecinesia

Psicocinesia e telecinesia

por Jorge A. B. Soares


Psicocinesia, telecinesia ou PK é uma faculdade extra-sensorial na qual a mente atua diretamente sobre a matéria através de meios invisíveis, sem contato físico. Dito em forma mais sucinta, PK é a interação mental direta com objetos físicos, animados ou inanimados. O termo psicocinesia é derivado das palavras gregas “psyché” (alma) e “kinein” (mover).

Exemplos básicos de PK são: movimentação de objetos, deformação de metais e interferência no resultado de eventos. Alguns diferenciam a psicocinesia da telecinesia, onde telecinesia implicaria em deslocamento e movimentação de objetos, enquanto a psicocinesia se referiria a efeitos sobre organismos, mas sem deslocamento ou movimento. No primeiro caso, teríamos um copo que se movimenta. No segundo caso, teríamos uma "cura" ou uma planta que murcha. Ambos os fenômenos, contudo, decorrem da ação da mente sobre a matéria.

Ocorrências de PK vêm sendo registradas desde a antiguidade e incluem levitações, curas miraculosas, luminosidades, aportes e outros fenômenos físicos atribuídos a santos e magos em todo o mundo antigo.

Manifestações de PK são relatadas no espiritismo que surgiu em meados do século 19 na forma de materializações e desmaterializações, aportes, levitações e tiptologia (ruídos, pancadas, batidas). Ao médium Daniel Douglas Holmes, atribuiu-se o poder de levitar e segurar carvões em brasa nas suas mãos, sem sofrer queimaduras. Nessa mesma época havia relatos míticos de “pessoas elétricas” que atraiam facas e garfos que grudavam à sua pele, e que com um leve toque podiam mandar um móvel voando através de um quarto.

Já no século 20, a partir da década de 1930, o interesse em PK cresceu aceleradamente até tornar-se um das áreas de pesquisa parapsicológica de crescimento mais rápido, principalmente nos EUA e Rússia.

O parapsicólogo norte-americano Joseph Banks Rhine da Duke University na Carolina do Norte, iniciou a condução de experimentos de PK em 1934 com um jogador paranormal que alegava ser capaz de influenciar o lançamento de dados, forçando o sorteio de determinados números ou combinações numéricas. Os primeiros resultados experimentais mostraram resultados muito além das probabilidades do mero acaso, porém dados posteriores produziram resultados desiguais, e nunca foram repetidos por outros pesquisadores.

As pesquisas de Rhine marcaram o começo de uma nova era em experimentação de PK. Antes de 1940, a maioria das observações de PK ocorriam através de médiuns em sessões espíritas conduzidas em salas escuras. Era difícil estabelecer controles científicos nesses ambientes e houve inúmeras comprovações de fraudes. O mágico Harry Houdini destacou-se como o mais famoso desmascarador de médiuns fraudulentos.

Posteriormente a Rhine, a experimentação em PK abriu-se em duas vertentes: macro-PK ou eventos observáveis, e micro-PK de efeitos fracos e leves, não observáveis a olho nu, e requerendo avaliação estatística. À medida em que os experimentos de macro-PK foram sendo contestados (devido a procedimentos desleixados, falhas metodológicas, problemas de análise estatística, distorção de dados, irrepetibilidade e fraudes), maior ênfase foi sendo deslocada para a micro-PK.

Lá pelo fim da década de 1960 um novo método para testar micro-PK foi desenvolvido pelo físico norte-americano Helmut Schmidt. Seu aparelho gerador de números aleatórios operava com base no decaimento de partículas radioativas, totalmente ao acaso, sem interferência de temperatura, pressão, eletricidade, magnetismo ou reações químicas. Nos experimentos, um paranormal era solicitado a utilizar sua energia mental para influenciar os resultados de modo a obter caras ou coroas, que eram comparadas com lâmpadas no aparelho que acendiam numa direção ou noutra. Alguns paranormais submetidos a teste pareciam influenciar com sucesso o sorteio das moedas. Esse aparelho concebido por Schmidt tornou-se o protótipo dos modernos geradores de números aleatórios e técnicas computadorizadas que desde então vêm desempenhando um papel importante na pesquisa de PK.

Entre as mais notáveis demonstrações de macro-PK ressalta o atualmente denominado “Efeito Geller”. Foi no decorrer da década de 1960 que o paranormal israelense Uri Geller assombrou milhões de telespectadores ao redor do mundo com seus efeitos de entortamento de chaves, colheres e garfos. Porém Geller não foi capaz de duplicar seus feitos extraordinários em condições de laboratório, quando submetido a experimentos científicos rigidamente controlados. Críticos, principalmente ilusionistas profissionais (Randi e outros), afirmam que Geller usava truques de ilusionismo comprovados através de observação visual e gravação em videoteipe.

Em 1968, os russos revelaram ao mundo sua mais famosa paranormal de PK: uma dona de casa de Leningrado, Nina Kulagina, nascida em meados da década de 1920, demonstrou suas habilidades a cientistas ocidentais que observaram os movimentos de objetos dos mais diversos tipos e tamanhos e impressão de imagens em filme fotográfico. Ela também exercia efeito PK sobre o coração de uma rã, retirado do corpo do animal. Kulagina foi também fotografada aparentemente levitando objetos.

Quanto às condições sob as quais Nina Kulagina operava, estavam longe do mínimo aceitável em termos de controles científicos básicos. Testes eram freqüentemente realizadas em sua casa ou em quartos de hotel e nunca nenhum controle rígido lhe foi aplicado devido ao fato de que uma demonstração sua poderia requerer várias horas de concentração prévia, e mesmo assim não havia nenhuma garantia de sucesso. Infelizmente, nenhum especialista em prestidigitação esteve presente às demonstrações de Kulagina.

Outros tipos de PK têm sido estudados mas são vistos com grande ceticismo. Um desses tipos é a atividade “poltergeist” onde fatos extraordinários acontecem: móveis se movendo, portas se abrindo, luzes piscando, objetos voando, etc. Praticamente todos os casos de “poltergeist” quando investigados seriamente e em profundidade revelaram-se produtos de simulação e fraude onde os fenômenos extraordinários são provocados geralmente por uma criança ou adolescente com distúrbios psicológicos, querendo chamar a atenção sobre sua pessoa. Há testemunhos visuais e provas em fotografia e vídeo documentando essas fraudes.

Um outro tipo de atividade tida como PK está associada à morte, perigo iminente ou crise emocional. Em tais incidentes as pessoas relatam a queda de quadros afixados nas paredes, relógios que param subitamente, relógios parados que voltam a funcionar e estilhaçamento de copos. As pessoas atribuem esses incidentes à morte de um parente ou amigo íntimo ou alguma crise emocional severa.

A pesquisa de PK está sendo conduzida atualmente nas áreas de meditação e outros estados de consciência alterada. Experimentos estão também sendo conduzidos para determinar a existência de PK retroativa, ou “retro-PK” na qual um paranormal tenta influenciar um evento, como por exemplo uma seqüência de números produzida por um gerador de números aleatórios, já depois que o evento aconteceu.

Embora PK não seja aceita pela comunidade científica em geral, muitos parapsicólogos acreditam que sua existência já foi comprovada em experimentos científicos bem controlados. Mas até este ponto, a Parapsicologia ainda não conseguiu atingir seu objetivo fundamental que é o de estabelecer as relações entre as faculdades paranormais e as outras faculdades da mente. Outra grande limitação da Parapsicologia é a ausência de uma teoria satisfatória e abrangente para os fenômenos paranormais.

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